Rodolpho Caniato
Por razões ligadas à minha história pessoal, muito cedo pude perceber uma das grandes carências do ensino da Ciência em nosso sistema educacional, especialmente no nível fundamental: muitos de nossos cursos, não só no fundamental, se assemelham a cursos de natação por correspondência. Faltam a experimentação, a discussão.
Repetir exercícios numéricos não implica entendimento de conceitos; no mais das vezes apenas memorização Desde o início de minha carreira docente como professor de Física em 1956, fiz um grande esforço para primeiro restaurar e logo fazer funcionar aparelhos guardados como relíquias nas instituições em que ensinei.
Em 1955 eu havia montado e feito funcionar o telescópio que serviu a alunos de Física (Mecânica Celeste) e de Cosmografia, disciplina por mim criada na PUC de Campinas em 1955 e cuja docência exerci a partir de 1957. Os vários cursos em que atuei primeiro como e depois como docente, nos projetos americanos (“PSSC” em 1963 e Harvard Project Physics em 1970), me convenceram da necessidade de se produzir material de baixo custo, fácil obtenção e acessível ao professor brasileiro.
Minha tese de doutorado inscrita no Departamento de Física de FAFI da UNESP (Rio Claro) em 1970, tinha por nome “Um Projeto Brasileiro para o Ensino de Física”. Nesse mesmo ano, o primeiro volume que produzi (“O céu”) era submetido a um ensaio sobre o método, o conteúdo e o material. O ensaio foi levado a cabo no CECINE , na UFPe, em Recife. Faltava oferecer mais alternativas viáveis também para o estudo da Mecânica.
Numa discussão com meus alunos de Física (Licenciatura) na UNESP de Rio Claro, sugeri a um pequeno grupo a idéia de produzirmos algumas fotografas estroboscópicas. O pequeno grupo aceitou a idéia e logo se pos a trabalhar com minhas sugestões. Nossa idéia era usar material nacional.
Assim se montou uma fonte pulsante com uma lâmpada da marca “Frata” de fabricação nacional. Com isso foram produzidas as nossas primeiras fotografias estroboscópicas. Isso foi em 1972, no mesmo ano em que eu assumia a disciplina Instrumentação para o Ensino de Física na UNICAMP, mas ainda respondendo cumulativamente pelo curso em Rio Claro (Física, UNESP). Quando concluída a tese de doutorado (1973), aprovada com grau máximo, tendo como orientador o Prof.Dr. José Goldemberg, além do volume principal havia três volumes como anexos: “O Céu”, “Mecânica” e uma coleção de “Fotografias estroboscópicas”.
Na UNICAMP, dispondo de mais tempo, recursos e dois assistentes, pude completar a tese de Doutorado e produzir maior variedade de fotografias para a coleção. Ao mesmo tempo se multiplicaram os convites para ministrar cursos pelo Brasil e por muitos paises da América Latina, com mais ocasiões para trabalho de ensino utilizando também as fotografias estroboscópicas.
O grupo da UNICAMP funcionou até 1976. Aí, além dos dois professores-assistentes recém-formados (Sônia Krappas Teixeira e Antonio Amaral) eu dispunha de serviços de oficina. O relógio, por exemplo, para a fotografia de centésimos de segundo, foi possível graças à dedicada e competente ajuda do técnico Edeval Lujan do Instituto de Física.
Para construir o relógio foi usado um motor síncrono (de toca-disco), doado pelo Prof. Antonio Amaral, meu assistente. O período de rotação (1 volta/seg. ou 60 rpm) por simples relação dos raios das polias. Uma chave permitia a mudança para 120 RPM ou 2 voltas/seg). Em todos os casos a rotação do relógio foi mantida constante e está indicada.
Em distintos experimentos foram usadas diferentes freqüências da fonte de luz estroboscópica, mas sempre mantida constante em cada fotografia, a menos de alguma oscilação da rede elétrica. Em muitas fotografias a presença tanto de uma escala de distâncias quanto da medida dos tempos propõe exercícios simples de cinemática real, incluindo medidas de aceleração. Em duas delas há até um “acelerômetro” de pêndulo com escala em divisões de 1m/seg2.
Outro propósito presente em várias fotografias era oferecer variedade de oportunidades para melhor entendimento da lei das áreas, com forças de atração e também de repulsão.
De 1976 a 1978, como Professor Visitante no Instituto de Física da USP pude realizar outro grupo de fotografias, dispondo de um maior estúdio, de apoio de oficina (Sr. Voanerges E.S. Brites) e da ajuda de um professor assistente (mestrando Antonio A. Parada). São desse período algumas imagens mais complexas. A produção dessa coleção de fotografias se estendeu de 1972 a 1978 nas três instituições (UNESP, UNICAMP e USP). Uma parte da coleção foi entregue para UNESCO, outra para o Instituto de
Física da USP. As equipes que me auxiliaram nessa produção foram constituídas como segue:
Equipe I (UNESP)
(1972)
Durval A. Fiorelli
Clovis I. Biscegli
Luiz Mario Pizzanoia
Antonio J. Buccalon
Equipe II (UNICAMP)
(1972-1976)
Antonio Amaral
Sônia K. Teixeira
Antoni W. Gomes
Milton J.Mello
Carlos.A.Magnani
Antonio Barata
Olavo Divino Vieira
Edeval Lujan
Equipe III (USP)
(1976-1978)
Antonio A. Parada
Carlos A.Magnani
Voanerges Brites
Creso Nery
Ademir dos Santos
Geraldo Nunes
Esperamos, eu e todos os que me ajudaram, nos três grupos, ter feito uma modesta mas efetiva contribuição para um ensino de Física mais próximo da verdadeira compreensão dos fatos.
Rodolpho Caniato
Treinamento professores Teresópolis
Relógio Caniato
Espaços e tempos
Movimento uniforme(?)
Tempos iguais
Queda livre
Bola na rampa
Soltando a bola
Queda medida
Queda de corpo duplo
Queda com rotação
Pedrinha e pedrona
Queda simultânea
Carrinho em rampa
Carrinho mais pesado
Mudando a rampa
Ângulo da rampa
Caindo da mesa
Parábola frontal
Solta na rampa
Mudando a rampa
Inclinação da rampa(?)
Pedrinha e pedrona(eliminar)
Acelerômetro
Variando a aceleração
Montanha russa
Lançamento oblíquo
Corpo oculto
Movimento harmônico simples
“sabonete” de Galileu
Alturas iguais(?)
Centro de massa fora do corpo
Corpo múltiplo
Centro(de massa) do martelo
Órbita simples
Áreas e repulsão
Campo de repulsão
Órbita simples
Órbita elíptica
“Órbita” retangular
Lei das “áreas” (?)
Corpo duplo
“Caos”(?)
O que é isso ?